Estudos recentes alertam para os efeitos nocivos dos calmantes (benzodiazepinas) quando tomados por longos períodos. Se está a usar este tipo de remédios, leia este artigo até ao fim.
Há uns anos, Filomena andava com os nervos à flor da pele e achou que a solução para o seu problema era tomar calmantes. Foi à consulta do seu médico de família. Dado o estado clínico de Filomena e à luz do conhecimento científico da época, o médico decidiu prescrever-lhe um calmante. Para Filomena, foi tão eficaz e simples como tomar um copo de água. O hábito fez o resto e agora não passa sem aquele remédio. Contudo, se o problema imediato do stress e ansiedade ficou mais controlado, o uso deste medicamento ao longos do tempo ameaça trazer consequências para a saúde de Filomena que não se afiguram nada risonhas.
Uso prolongado de calmantes
- PIORA: a agilidade, o tempo de reação, a memória e a qualidade de vida.
- AUMENTA: o risco de quedas, acidentes, fraturas e outras lesões.
- PROVOCA: efeitos desfavoráveis a longo prazo nos sintomas de sono.
- DETERIORA: a memória e a capacidade mental, que pode ser erradamente considerada como demência.

Ao conhecer estas consequências, Filomena projetou-se na imagem de seu pai, um senhor com 84 anos, desmemoriado, com um angustiante estado de demência e utente de um lar de idosos… tomou calmantes durante anos.
Antigamente, pensava-se que os calmantes eram seguros, mas as recentes investigações científicas feitas sobre estes medicamentos demonstram que quando tomados por mais de 4 a 12 semanas poderão levar a vários problemas.
- PERDEM A EFICÁCIA - após algumas semanas de uso diário ocorre habituação a este medicamento, sendo necessário aumentar a dose para obter os mesmos efeitos.
- CAUSAM DEPENDÊNCIA - deixar de tomar provoca «ressaca» (efeito de abstinência).
- OS IDOSOS SÃO MAIS SENSÍVEIS aos efeitos negativos dos calmantes. É comum apresentarem perda de equilíbrio, caírem com frequência, ficarem confusos e esquecidos.
- AS BEBIDAS ALCOÓLICAS podem aumentar alguns efeitos dos calmantes (benzodiazepinas), o que torna especialmente perigosa a condução de automóveis.
Pesando bem as coisas, Filomena tenta deixar de tomar o bendito calmante, mas sente que precisa dos comprimidos para a sua atividade diária e reduzir a dose aumenta-lhe a ansiedade. Está refém de uma verdadeira droga de prescrição médica com efeitos nefastos a longo prazo.
Decide então ir à consulta da sua médica de família, uma doutora nova mas muito competente, na esperança de encontrar uma alternativa, uma solução clínica que a livre de uma velhice como a que seu pai está a viver… A imagem do pai, apático e demente, deambulando sem destino com sua bengala pelo lar, não lhe sai da cabeça e tritura-lhe o coração. Não há nada a fazer…

Na consulta, médica e utente definem uma estratégia para a fase de desmame que Filomena se propõe abraçar, consciente de que será um tempo de luta.
Possivelmente irá sentir dificuldade em dormir, perturbações no sono, poderá ter pesadelos e acordar com sensação de não ter descansado.
A doutora faz-lhe uma lista de todos os outros sintomas que poderão surgir durante o processo, tais como sentir um gosto metálico na boca, dormência, picadas, ardor e comichão na pele; poderá ter maior sensibilidade à luz e aos sons, assim como sentir dores musculares, fadiga e falta de energia, náuseas ou perda de apetite, tremor, dores de cabeça e tonturas, transpiração excessiva, palpitações ou coração acelerado…
Com tamanho rol de efeitos da abstinência, Filomena quase desiste de fazer o caminho do desmame.
Afinal, tomar um calmante é tão simples como tomar um copo de água e deixar de tomá-lo é assim tão complicado?
Mas não é tudo, a doutora, diz-lhe ainda que, para não ter surpresas, poderá também sentir-se deprimida, tensa, inquieta, incomodada com frequência e até ter algum ataques de pânico ou mudanças de humor.
A boa notícia é que muitos destes sintomas nunca se irão manifestar e a estratégia de desmame vai suavizar aqueles que forem surgindo, com a certeza de que todos eles desaparecerão quando o corpo se ajustar a não ter o medicamento.
Com votos de coragem, a doutora celebra com Filomena um contrato de confiança. Ambas vão conseguir alcançar ganhos na saúde de Filomena e esta poderá oferecer todo o carinho a seu pai preparando para si própria uma velhice com mais qualidade.
O que são benzodiazepinas?
São um grupo de medicamentos utilizados no alívio da ansiedade e stress ou para promover o sono sendo, normalmente, conhecidos como “calmantes”.
Efeitos: Redução da tensão muscular; Menor ansiedade; Sedação.
Se tiver dúvidas sobre se está, ou não, a tomar benzodiazepinas, consulte o seu médico ou farmacêutico.
Alguns exemplos são:

ADVERTÊNCIA – Pessoas que tomam benzodiazepinas para a epilepsia e outras doenças neuropsiquiátricas não se devem rever nesta história. Em qualquer caso, não tome nenhuma decisão sem contactar o seu médico de família.
CRÉDITOS: Informação técnica retirada do folheto “Se toma benzodiazepinas (calmantes), INFORME-SE!” produzido pelo ACES Pinhal Litoral – 2018.
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